Cadê a terapia? Onde ela se escondeu?
Agora que sabemos o que é terapia (ou psicoterapia), precisamos saber como acessá-la, certo? Existem algumas possibilidades e vamos falar um pouco mais sobre.
As formas mais comuns são profissionais da psicologia que atendem de forma autônoma/particular ou que atendem através de convênios médicos. Essencialmente as duas formas de atendimento são iguais, a única diferença é o pagamento. Quem atende de forma particular cobra um determinado valor por atendimento. Isso varia de acordo com o profissional, sua experiência e a região onde atende. Além disso, alguns profissionais também oferecem horários a preço social. Entre em contato com profissionais que você gosta ou quer conhecer para saber mais sobre os valores dos atendimentos, não precisa ter vergonha. Aqueles que atendem através do convênio médico, são afiliados a clínicas que possuem contrato com os convênios. O valor dos atendimentos já está incluso na mensalidade. Entre em contato com a sua operadora para saber se você tem acesso a psicoterapia e quais clínicas você pode usar.
Para além destas formas mais comuns, existem outras maneiras de encontrar a psicologia. Nas faculdades e universidades que oferecem o curso de psicologia, algumas possuem clínicas-escolas. Estes são lugares que oferecem serviços de psicologia para a população, como a psicoterapia. Em algumas, estes atendimentos acontecem de forma gratuita e em outras com um valor social. Quem atende são estudantes de psicologia, mas, fiquem tranquilos que tudo é supervisionado por professores experientes na área.
Várias ONGs oferecem serviços de psicologia. Geralmente esses projetos são voltados para parcelas da população que estão em algum estado de vulnerabilidade. Além da psicologia, estes lugares também podem oferecer outros serviços, como jurídico e de assistência social. Vou deixar um link que mostra algumas destas ONGs.
E, por fim, alternativas fornecidas pelo estado e federação. Apesar de não serem especializados no cuidado com a saúde mental, as UBS podem ser um primeiro contato para este caminho. Através dela é possível obter encaminhamentos e orientações para próximos passos. Normalmente, o caminho é ter uma consulta com o clínico geral e pedir um encaminhamento para um profissional de psicologia. Os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) são lugares especializados no atendimento psicológico e social. Existem vários subtipos de CAPS, posso fazer um post explicando cada categoria depois, mas o que é importante saber é que este é um lugar onde é possível encontrar ajuda psicossocial de forma gratuita. E é seu direito usá-lo. Vou deixar outro site onde é possível encontrar estes serviços públicos.
Ainda falta um componente nessa equação, que são as formas que os atendimentos acontecem.
A forma mais tradicional e a que mais acontece é a terapia presencial, que é onde o paciente e o terapeuta ficam frente a frente no mesmo lugar.
Também temos os atendimento online (que ficaram famosos há alguns anos por causa da pandemia), aqui também tem o cara a cara, mas a distância, usando de algum aplicativo de videochamada. Um ponto legal desta forma é que permite atendimentos em outros países, então vocês que estão na gringa podem passar com terapeutas aqui no Brasil.
Outra forma que a psicoterapia pode se apresentar é na quantidade de pessoas que participam, podendo ser individual e em grupo.
Na individual, não tem muito segredo. Você e o terapeuta, um olhando pro outro. É um clássico.
Já em grupo, o nome é autoexplicativo, mas é um processo terapêutico que envolve três ou mais pessoas que, geralmente, compartilham de alguma questão. Essa forma de se fazer é mais usada em lugares com um demanda muita alta de pacientes, como o CAPS, ou porque é uma demanda específica que é mais benéfica quando em grupo (Clube da Luta tem um cena dessas, mas eu não falei nada aqui).
Por fim (este não é um processo psicoterapêutico como estamos vendo, porém é uma ferramenta muito importante), O Centro de Valorização da Vida, mais conhecido como CVV, é um serviço gratuito de apoio emocional e de prevenção ao suicídio. É um serviço que pode ser usado por qualquer um. É totalmente de forma anônima. Você pode entrar em contato através do número 188, também pelo e-mail ou chat.
E para finalizar, muito mais que explicando sobre os locais e as formas da psicoterapia, eu queria trazer questionamentos sobre as dificuldades de frequentar a terapia. E deixando bem claro que é a minha opinião, não tem certo nem errado aqui.
Vou trazer dois pontos que considero bem relevantes. A questão do tempo e a questão financeira.
Tempo:
É para além do difícil parar por uma hora semanalmente (isso sem contar com o deslocamento) para fazer psicoterapia. Eu tenho a plena certeza que a rotina de todos aqui é apertadíssima. Precisamos estudar, trabalhar, cuidar da casa, cuidar dos filhos, dormir… Tudo isso em pequenas 24 horas. Sem contar com o resto da vida: assistir um filme, ter tempo de qualidade com a pessoa amada, se divertir com os amigos ou apenas existir. Seria falta de consciência social, ou simplesmente, falta de caráter, tentar obrigar alguém a fazer terapia com um rotina dessa. Mas é preciso, precisamos cuidar de nós mesmos e a psicoterapia pode te ajudar nisso. Não vou propor solução, muito menos dizer “quem quer, corre atrás” (isso é papel da galerinha que acredita em meritocracia). Apenas digo, que se você pode, faça terapia, te garanto que você não vai se arrepender.
Financeiro:
Dinheiro é o problema. E dinheiro será sempre o problema. Fazer psicoterapia custa dinheiro, não tem jeito. Eu, como terapeuta e psicólogo, preciso de dinheiro para sobreviver (aliás, entre em contato para agendarmos um atendimento). Seria babaquice dizer que é acessível para todo mundo. Até falamos de algumas alternativas que ajudam na parte financeira, no começo. São possibilidades reais, mas tem muito mais além delas. Precisamos pensar no custo do transporte, para as alternativas presenciais. E o valor do boleto da internet, para as possibilidades online. E vou além, é preciso de internet e um celular para ter acesso ao menos a essas informações.
Se você tem condições financeiras para fazer terapia, faça. Se puder ter acesso aos outros serviços, usufrua.
Estamos longe de um sistema igualitário, mas juntos e organizados temos chance.
A psicoterapia é elitizada. E dói meu coração dizer isso.
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